sexta-feira, 28 de maio de 2010

Laboratórios avançam sobre a cobiçada classe C.

Empresas de medicamento apostam suas fichas no mercado nordestino.

Os nordestinos não estão gripando mais, não estão com excesso de gases, e não têm bebês com mais assaduras. Mas estão com mais dinheiro no bolso para comprar os remédios que combatem esses males. Reflexo da expansão da cobiçada classe C. Isso não passou despercebido pela indústria farmacêutica.

Os laboratórios começaram a investir pesado em propaganda na região para aumentar a venda dos medicamentos de venda livre (ou OTC, sigla em inglês). Dos genéricos e, especialmente, daqueles chamados "de marca", que são cerca de 50% mais caros.

Uma das empresas que andam fazendo juras de amor eterno aos consumidores nordestinos é a multinacional Bristol-Myers Squibb. O laboratório atua no mercado nacional de OTC com o anti gases Luftal, o antigripal Naldecon e o creme contra assaduras Dermodex. "Apostamos muitas fichas na região. Ano passado, o Nordeste cresceu 22% para a Bristol, enquanto no Brasil cresceu 10%", compara Paulo Pinton, gerente da unidade de OTC do laboratório no país. "Já é o nosso segundo maior mercado no país, depois de São Paulo, nossa principal praça".

Isso tudo apesar de um modesto "investimento-teste" de R$ 700 mil na divulgação do Luftal. Para 2010, o orçamento em marketing será de R$ 4,3 milhões para divulgar os três produtos. "Nunca tínhamos feito uma ação de propaganda no Nordeste. Achávamos que tínhamos uma marca muito premium", diz Pinton. A percepção mudou. "O consumidor do Nordeste usa boas marcas, gosta de produto de valor agregado. A classe C está disposta a investir nas marcas porque não dispõe de dinheiro para testar aquelas de qualidade duvidosa. Tem que acertar e continuar".

Hoje, a empresa conta com um plano de comunicação para o Naldecon e o Luftal em programas populares das TVs locais. A ideia é massificar o produto. A Bristol planeja crescer acima de 10% com os negócios de OTC este ano. E 40% disso devem vir da região.


Antigripal vende mais.

As vendas totais de medicamentos no Brasil somaram R$ 30,2 bilhões em 2009. Os dados são da consultoria IMS Health. Deste total, cerca de R$ 500 milhões ficam com o segmento dos antigripais. São mais de 100 marcas, incluindo as similares. A maioria, aliás, é de similares. No ranking, o Naldecon da Bristol ocupa o terceiro lugar, com 10% de participação (atrás de Benegripe e Coristina).

A meta da empresa para este ano é chegar a 12,5%. "Queremos brigar pela liderança", diz Paulo Pinton (foto). Em Pernambuco, a participação é de 5%. A cartela com duas doses custa R$ 3,50. E a empresa não pode fazer promoção. "Só podemos baixar o preço do Dermodex, porque é considerado um cosmético. Passamos a cobrar R$ 9,80 contra R$ 13 do mercado nacional".

O executivo acredita que o preço nem sempre é o maior fomentador de aumento de vendas de um produto. No caso do creme para assaduras, ele espera por uma mudança de postura dos pais. Na opinião de Pinton, a situação da economia nordestina é a melhor possível para qualquer marca se desenvolver. "A gente viu essa oportunidade. Outras marcas farão o mesmo".

Por: Tatiana Nascimento

Fonte: Diário de Pernambuco

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