Erros administrativos e
preços elevados fazem com que a companhia perca espaço até mesmo em seu local
de nascimento.
Conhecida como uma das maiores fabricantes de eletrônicos do
mundo, a Sony está muito longe de seus dias de glória. Uma crise interna que
assola a companhia nos últimos anos resultou em perdas financeiras
substânciais, que resultaram em diversas mudanças de direção cujos resultados
podem não ser suficientes para manter a empresa viva.
O resultado desse período de problemas já pode ser sentido em
várias partes do mundo, até mesmo no Japão, local de origem da empresa. “Muitas
lojas de eletrônicos da cidade não vendem produtos Sony porque ela praticamente
deixou de colocá-los em negócios pequenos como o nosso”, disse ao site Kotaku o
senhor Takayama, dono de uma pequena loja na área central de Tóquio, administrada
por ele e sua mulher.
Os motivos para a crise que assola a empresa são variados, e
é difícil apontar um único culpado para o problema, seja ele a falta de
inovação ou alguma espécie de arrogância que fez a companhia simplesmente
ignorar o avanço da concorrência. Porém, em nenhum lugar do mundo a situação em
que a companhia se encontra pode ser observada tão facilmente quanto em sua
terra natal.
Rejeição à marca
Enquanto pequenos lojistas sequer possuem produtos Sony, o
mesmo não pode ser dito da loja da empresa em Nakayama. O local possui nada
menos do que cinco andares dedicados aos produtos da organização, expostos de
forma a destacar cada uma de suas qualidades. Porém, mesmo em uma sexta-feira,
quase não há consumidores no local e reinam os corredores vazios, quase uma
cidade fantasma dentro de um dos bairros mais luxuosos de Tóquio.A maioria dos consumidores que passam pelo local é
constituída por estrangeiros, que visitam a loja pelo que ela tem a dizer sobre
os eletrônicos japoneses. “Eu costumava comprar produtos Sony, mas nos últimos
tempos comprei uma TV Samsung, porque estava muito barata. Porém, eu não acho
que ela seja sustentável. Eu prefiro a Sony porque ela é mais confiável”,
afirmou Andrew, um turista australiano de 27 anos.
O mesmo sentimento parece ser compartilhado pela maioria dos
consumidores consultados pela reportagem, que declararam que preferem a
companhia na hora de adquirir produtos que precisam durar um bom tempo. Porém,
essa impressão fica mais fraca conforme outras lojas são consultadas — em
locais como a Bic Camera e em lojas pequenas, o sentimento de rejeição à
companhia fica bastante evidente.
A maioria dos locais consultados pela reportagem do Kotaku
afirmou que deixaram de vender produtos Sony há muito tempo. Apesar de estarem
presentes em revendedores grandes, os dispositivos da companhia são tratados
com certo desdém, e é incomum encontrar funcionários dispostos a explicar a
maneira como eles funcionam e descrever suas qualidades.
Nobuyuki Idei: o
assassino da Sony?
Entre aqueles que são apontados como os principais
responsáveis para a crise que assola a Sony, o nome do ex-CEO Nobuyuki Idei
sempre ganha destaque. Ele promoveu um plano de demissões voluntárias que afastou
muitos dos antigos engenheiros responsáveis pelo sucesso da companhia — em seu
lugar ficaram profissionais mais jovens e inseguros, que preferiam confiar em
fórmulas consagradas a tentar se arriscar.
“O que foi ainda pior é que, durante esse período, a Coreia e
o Taiwan imediatamente recepcionaram esses técnicos com braços abertos. Foi
ainda melhor do que espionagem industrial — a Samsung poderia “comprar”
abertamente a tecnologia desenvolvida pela Sony simplesmente contratando seus
melhores e mais brilhantes funcionários”, afirmou um gerente da companhia
japonesa.
Entre os erros da administração de Idei está a decisão de
ignorar o crescimento que o iPod estava sofrendo em 2004, que não foi levado a
sério pelo CEO. “Estava claro para mim que a Sony era uma companhia em guerra
contra si mesma e que as sementes de sua queda haviam sido plantadas por Idei e
por seus discípulos”, afirmou o representante de um investidor europeu ao
Kotaku.
Perdendo a guerra dos
preços
Outro motivo pelo qual a Sony está perdendo espaço até mesmo
dentro do Japão são os altos preços praticados pela empresa. Mesmo ainda tendo
seguidores fiéis, cada vez mais pessoas estão investindo em dispositivos
fabricados por companhias coreanas ou chinesas, que são capazes de entregar a
mesma qualidade por valores mais baixos.
Ao apostar em uma estrutura em que divisões diferentes não
conversam entre si, não só a empresa mantém seus custos operacionais nas
alturas, como freia praticamente todas as possibilidades de inovação que
surgem. História que seu CEO atual, Kazuo Hirai, tenta mudar às pressas diante
de uma situação que se mostra cada vez mais preocupante.
Fonte: www.tecmundo.com.br
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