segunda-feira, 28 de março de 2011

Varejo sem preparo ao lidar com emergentes !

















Consumidores das classes C, D e E são unânimes: qualidade no atendimento ainda deixa a desejar.

´Eles nos olham da cabeça aos pés e acham que não temos dinheiro para comprar`, afirma a empregada doméstica Miriam Soares, 43, insatisfeita com o comportamento de alguns vendedores. Há dois anos, ela e a irmã entraram em uma loja em Prazeres, Jaboatão dos Guararapes, dispostas a levar um celular para casa. Sequer foram atendidas. Irritadas, elas decidiram tentar na concorrência, onde a história foi bem diferente. Após receberem toda a assistência, acabaram adquirindo não um, mas dois aparelhos. A experiência de Miriam sinaliza o aumento do poder de consumo das classes mais baixas e, além disso, a falta de atenção de muitos comerciantes à nova realidade econômica do país.

Cenário que acaba de ser comprovado por um estudo da consultoria Plano CDE, baseado em respostas de 1,6 mil consumidores do Recife e de São Paulo. O levantamento apontou que 46% dos que fazem parte da classe C+ e 50% da C- (ver classificação no quadro) atribuem o mau atendimento nas lojas às suas condições financeiras. O índice chega a 51% na D, da qual Miriam faz parte, e a 56% na E. Essa concepção, segundo a antropóloga e sócia-diretora da Plano CDE, Luciana Aguiar, reflete-se na autoestima: a pesquisa revela que 20% a 25% dos membros das três camadas mais baixas sentem falta de confiança na hora de ir às compras.

´Há cinco anos, muitos empresários não se convenceriam de que valeria a pena olhar para a base da pirâmide, mas, atualmente, esse deveria ser o principal ponto de atenção deles`, afirma Luciana, em referência ao crescimento da renda e do poder de consumo das camadas mais baixas. A análise da antropóloga recai, principalmente, sobre a classe C, ícone do novo momento econômico do país. ´São pessoas que querem viver uma nova condição de consumo, conhecer e adquirir produtos diferenciados, mas que não encontram lojas preparadas.`

O professor de marketing Salomão Farias, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), acredita que o mau atendimento não é ´privilégio` dascamadas mais baixas. Ele diz que o problema se deve, sobretudo, ao aumento da movimentação nas lojas, gerado pela expansão da renda. ´O caminho é preparar os funcionários, para que vejam esses clientes como os demais, já que o dinheiro deles vale da mesma forma.`



Fonte: www.diariodepernambuco.com.br

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